Proteção social às pessoas em sofrimento psíquico que usam o serviço dos caps: o que cabe ao SUAS?
Rozana Fonseca* Thiago Santos** O Sistema Único de Assistência Social – SUAS, por meio da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, inscreve, radicalmente, o que cabe ao campo da assistência social enquanto política pública, um dever do Estado. Tais marcadores impõem uma ruptura com a lógica de uma política compensatória e auxiliar a outros sistemas, tanto no âmbito do executivo, quanto no do judiciário. O desafio posto foi o de construir serviços, benefícios, projetos e programas que pudessem superar, de vez, o desprestígio da assistência social. Desprestígio alimentado secularmente pelas ações assistencialistas, pela falta de continuidade das ações, pela subalternidade atribuída ao público atendido. Por mais que as ações de caridade (ação social) fossem protagonizadas pelas entidades ligadas à elite, o desfecho sempre foi o de desprezo dessas elites às pessoas pobres e miseráveis. Desde meados dos anos 2000, após longos anos de lutas e de resistências pela efetivação da assistência social como política pública, a população brasileira conta com um sistema que organiza e descentraliza a política de assistência social em todo o território nacional – ressalvando as especificidades locais e regionais, tem-se no país uma rede socioassistencial capaz de prevenir, enfrentar e proteger sujeitos e famílias que vivenciam situações de vulnerabilidade social e de riscos sociais. Não é demais marcar – até porque isso será importante ao longo deste texto -, que muitas dessas vivências são provenientes das relações sociais resultantes de um capitalismo que massacra e empurra cada vez mais, a classe trabalhadora para a pobreza. A luta atual, sabemos, é para evitar um desmonte do que foi duramente fixado no campo normativo e legal, mas é bom não perder de vista a necessidade urgente de debater avanços no modo de processar a rede socioassistencial. Este brevíssimo e provocativo histórico da assistência social, é para introduzir este texto destacando que ao tratar da temática saúde mental no âmbito do SUAS não significa que se está propondo uma discussão e ação para além do que já é proposto no escopo dos objetivos e nas seguranças a serem afiançadas [i]pelo SUAS, a saber: acolhida; convívio ou vivência familiar, comunitária e social; renda; desenvolvimento de autonomia; e apoio e auxílio. (Brasil, 2012). Por conseguinte, convém reforçar que ao reivindicar o debate sobre saúde mental no SUAS[ii], não deve ser entendido como um acréscimo às atribuições das equipes, uma vez que as(os) profissionais já têm uma sobrecarga de trabalho, seja pelas equipes incompletas, ou pelas péssimas condições de trabalho e por ingerências dos setores de gestão. O que se propõe aqui é uma introdução quanto às responsabilidades do SUAS com os sujeitos (e/ou com as famílias) que estão em sofrimento psíquico intenso e que acessam, ou deveriam acessar os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS [iii]e serviços da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS[iv]. A proposta é superar a pergunta jargão: o sujeito é de qual política? Não há um sujeito da Política Nacional de Saúde Mental – PNSM, outro da Política Nacional sobre Drogas – PNAD e outro da PNAS. Mas porque o SUAS não eleva seu olhar e sua escuta às pessoas em sofrimento psíquico? – A pergunta inversa deve ser feita também aos CAPS e aos demais dispositivos da RAPS. A integralidade e a intersetorialidade são objetivos e princípios postulados pelas políticas citadas acima. A fim de evidenciar especialmente alguns trechos que versam sobre articulação entre SUS e SUAS, destacamos: A PNAD[v] traz com um dos objetivos: “Garantir o caráter intersistêmico, intersetorial, interdisciplinar e transversal do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – SISNAD, por meio de sua articulação com outros sistemas de políticas públicas, tais como o Sistema Único de Saúde – SUS, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, o Sistema Único de Segurança Pública – SUSP, entre outros” (Brasil, 2019). Na PNAS está explícito que compõem os princípios organizativos do SUAS: “articulação intersetorial de competências e ações entre o SUAS e o Sistema Único de Saúde – SUS, por intermédio da rede de serviços complementares para desenvolver ações de acolhida, cuidados e proteções como parte da política de proteção às vítimas de danos, drogadição, violência familiar e sexual, deficiência, fragilidades pessoais e problemas de saúde mental, abandono em qualquer momento do ciclo de vida, associados a vulnerabilidades pessoais, familiares e por ausência temporal ou permanente de autonomia principalmente nas situações de drogadição e, em particular, os drogaditos nas ruas.”(Brasil, 2004). A PNSM[vi] apresenta um conteúdo mais operacional e organizativo, tendo menos foco em princípios e diretrizes, o que pode ser avaliado como decorrente das peculiaridades do contexto histórico e político. Contudo, as portarias subsequentes versam sobre intersetorialidade e por isso, consideramos relevante destacar o seguinte trecho da Portaria nº 3.588[vii], de 21 de dezembro de 2017 sobre o funcionamento no Art. 50-K. Compete às equipes: (…) V estabelecer articulação com demais serviços do SUS e com o Sistema Único de Assistência Social, de forma a garantir direitos de cidadania, cuidado transdisciplinar e ação intersetorial. (Brasil, 2017). O destaque à relevância da articulação entre as políticas sociais faz-se necessário para evidenciar o quanto esses objetivos e princípios ainda não estão materializados na rotina da gestão e da execução dos serviços. As práticas intersetoriais nem sempre são consistentes, porque elas até funcionam, mas na instabilidade e a partir de relações pessoalizadas, ou seja, não institucionalizadas. As mais duradouras são mesmo carregadas de afetos e compromissos entre pares, contudo isso não se sustenta diante da alta rotatividade de gestores e equipes. Articulação e integralidade não são estratégias simples ou meramente operacional. Seus processos são complexos e podem ser constituídos por dimensões contraditórias e questionáveis ética e tecnicamente. Para problematizar, evocamos o Programa Crack É Possível Vencer, criado em 2010. Este que foi um programa altamente questionável quanto às ações articuladas com assistência social para retirar as pessoas em situação de rua e em uso abusivo de drogas, obrigando-as à internação, ao acolhimento, ou mesmo sendo obrigadas a voltar para suas casas. Numa lastimável ação de um programa que violava Direitos Humanos em nome de cuidado
8 Propostas de ações na Assistência Social sobre o Dia Internacional da Mulher

O dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Começo este texto desfazendo uma equivocada ideia acerca da origem dessa data, espalhada por vários meios de comunicação, principalmente textos pela internet e jornais físicos ou digitais. A explicação comumente dada é que se trata de uma data que faz referência ao incêndio ocorrido no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, onde 146 pessoas morreram, em sua maioria mulheres. Eu aprendi que essa não é a verdade sobre esta data, a qual tem um cunho muito mais político e social do que a população insiste em negar. Aprendi com a socióloga Eva Blay ao ler seu ensaio 8 de março: Conquistas e Controvérsias, em meados de 2012, quando divulguei este artigo no blog e propus um debate acerca das atividades que são feitas nas unidades da Assistência Social em alusão a esta data. Por algum motivo este texto foi perdido e só tem o vídeo da transmissão on-line que fiz através do Youtube (se você quiser conferir pode ir lá no Canal, mas lembre-se que se trata de um vídeo ao vivo, então reserva um tempinho e um caderno para anotar as poucas partes relevantes 😊). Para Eva Blay o dia fora proposto por Clara Zetkin já em 1910, sendo possível inferir que decorrida a tragédia se potencializou a necessidade de discutir as precárias condições das mulheres em relação ao trabalho. Sendo, portanto, uma data que marca as lutas das mulheres por igualdade de direitos. O Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, pela ONU, lembrando suas conquistas políticas e sociais. No Brasil, é evidente uma menção comercial da data e uma alusão rasa ao ser mulher. Normalmente são atribuídos adjetivos que em nada colaboram com as lutas políticas e sociais das mulheres: forte, guerreira, edificadora do lar, educadora… A lista é bem extensa, mas estes adjetivos já ajudam com a reflexão de como essa data é tratada com um viés liberal e comercial. Vale, portanto, reforçar que a data 08 de março é fortemente atrelada às lutas dos movimentos sociais e feministas. Então, chegou a hora de marcar o objetivo deste texto: fazer com que as profissionais das equipes do SUAS e de outras políticas públicas que passarem por aqui, reflitam e mudem a perspectiva sobre esses eventos em referência ao dia 08 de março que são comumente realizados nos serviços e comunidade como dia da beleza, palestra de autoestima e atividades que reforçam a ilusão de mulher guerreira. A Política de Assistência Social tem um significativo apelo às mulheres e sabemos como é fácil reproduzir desigualdade de gênero ao invés de combatê-la, portanto, faz-se necessário refletir que se esse tema fosse tratado como agenda ao longo do ano, as equipes não teriam muita dificuldade em propor atividades mais politizadas e fecundas. Assim, a proposição aqui é que se trabalhe ao longo do ano temas em relação aos direitos das mulheres e inclusive contemplando as meninas (crianças e adolescentes) dos serviços, visando agregar atividades e superar aquelas que mencionei como rasas e meramente comerciais. Não é demais pontuar que cada atividade deve ser avaliada conforme o contexto de cada microrregião e que essa lista só tem como meta ser um disparador de ideias e mostrar o quanto se pode fazer muito mais do que esses eventos superficiais, inconsistentes e de que em nada reivindicam posicionamento teórico-técnico das profissionais do SUAS. Sugestões de atividades politizadas para o dia 08 de março nos CRAS, CREAS e demais unidades de serviço da Assistência Social: Formação das trabalhadoras/res do SUAS A gestão precisa contemplar a formação sobre gênero no rol das capacitações promovidas pela Educação Permanente – EP e sabendo que as mulheres formam a maioria das equipes que gerenciam e operacionalizam o SUAS (este que tem as mulheres como a maioria das participantes), faz-se urgente problematizar e formar novas possibilidades de leituras e intervenções no contexto contraditório da proteção social no campo da Assistência Social e das demais políticas transversais. Cabe, então, considerar o fato de que as duas profissões mais presentes na Assistência Social são “femininas”: a Psicologia tem 89% de profissionais mulheres e o Serviço Social é composto por 93,7% (dados PNAD 2007). Destaco que a falta de implementação da PMEP não deve inviabilizar atividades destinadas às mulheres trabalhadoras do SUAS, assim, pode ser realizada uma Palestra ou Oficina sobre movimentos sociais feministas; sobre mulheres e relação com o trabalho de cuidar, este muito atribuído ao feminino. 2) Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Momento para realizar um evento no formato de Fórum ou outro mais adequado a cada realidade e possibilidade, sobre a formação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e no caso do mesmo já estar implantado, vale um evento para avaliar seu funcionamento e como está seu alcance junto a sociedade e instituições públicas e privadas. Bom lembrar que seria um excelente momento para avaliar e monitorar as deliberações da última Conferência Municipal. 3) Movimentos Sociais e as Conquistas Femininas Oportunidade para discutir o alcance dos direitos políticos e sociais das mulheres ao longo da história do Brasil, principalmente no século XX e como as mulheres podem refletir sobre os lentos avanços e necessidade de mais mobilização para que a condição da mulher na sociedade continue sendo transformada em direção a igualdade de gênero. Considero interessante aproveitar o evento para evidenciar mulheres que foram/são fundamentais nas lutas de emancipação e visibilidades dos direitos das mulheres, bem como daquelas que lutam denunciando as desigualdades ainda tão arraigadas na sociedade. Estou fazendo uma lista das mulheres e projetos feministas que me inspiram e em breve divulgo aqui com vocês! Você pode trocar o dia da beleza pelo dia de homenagens às mulheres que fazem a diferença no seu território! 4) Mulher e Maternidade Atividades como Rodas de Conversa e Oficinas são uma boa opção metodológica para tratar desse tema com as usuárias dos serviços. Como essas mulheres vivenciam o cuidado com os filhos ou com a
Jogo para usar com idosos em acolhimento institucional e SCFV
Quem está acompanhando o BPS pelo @psicologianosuas já sabe que realizamos um concurso/sorteio em comemoração ao dia da psicóloga que ocorreu em agosto e finalizamos com o sorteio deste Kit promovido pela @arenalesbooks contemplando todas as leitoras. Além da ganhadora eu também recebi este kit e quero apresentá-los a vocês: OBJETIVOS DO KIT-Promover um clima descontraído para o aprendizado de novos conteúdospertinentes e necessários para a faixa etária proposta.-Exercitar a memória de curto, médio e longo prazo.-Estimular o autocuidado em promoção da saúde física e prevenção deacidentes.-Promover a integração do grupo de pacientes idosos com a equipeprofissional.-Promover o fortalecimento de relações sociais e afetivas.-Fortalecer papéis e funções sociais nesta nova etapa do ciclo dodesenvolvimento.-Possibilitar um canal de exteriorização dos sentimentos e emoções.-Trabalhar a integração familiar e as intergerações. Estes objetivos grifados por mim são aqueles que possibilitam que este kit possa ser usado e adaptado nos serviços da Assistência Social porque é um kit que pode ser utilizado em diferentes instituições e políticas públicas ou privadas. É importante ressaltar que o kit não foi criado direcionado e com as terminologias do SUAS, tendo mais inclinação para o clínica, contudo o mesmo pode sim ser adaptado a vários contextos. Importante ainda frisar que o kit pode ser usado por profissionais de diferentes formações, ou seja, não é de uso exclusivo de psicólogas/os. Acredito ser interessante que os profissionais que atuam com idosos levem ao conhecimento do gestor para que seja discutido a possibilidade de incluir o material na lista de compras dos materiais sociopedagógicos dos serviços porque isso é material de trabalho e poderá ser compartilhado entre equipes e serviços. Depois que eu tiver relatos da experiência do uso no SCFV volto aqui para contar para vocês. O Jogo é composto por 8 grupos de cartas e um tabuleiro de roleta indicativo destas cartas, 1 manul de instruções e um livreto com o relato de vida da autora. O uso institucional do Kit Memórias e Desafios – Canal Arenales Books no YT Referência: ARENALES-LOLI, Maria Salete. Memórias e desafios: estímulos à sociabilidade, autonomia e á memória. Londrina: Arenales Books, 2017. p.20; 20x22cm Acesse o site da Editora e saiba mais: http://arenalesbooks.com.br/produtos/memorias-desafios/ Ps. Kit recebido pela Arenales Books. A autora do blog não recebe comissão pela venda do material divulgado. Aproveito para agradecer a Maria Salete pelo oportunidade de conhecer este material e pela parceria com o sorteio no BPS através do Instagram.
Caderno de Orientações Técnicas para Elaboração do PIA

Seguindo com a divulgação de materiais relacionados ao nosso trabalho no SUAS por aqui, segue o Caderno recém lançado pelo MDS (Abril/2018): “Orientações Técnicas para Elaboração do Plano Individual de Atendimento de Crianças e Adolescentes (PIA) em Serviços de Acolhimento”. BAIXAR AQUI Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL – Secretaria Nacional de Assistência Social – Abril de 2018 Boa leitura!
Cartilha da família com crianças e adolescentes em serviços de acolhimento

Hoje eu compartilho um material diferente, é uma proposta para auxiliar o processo de atendimento com as famílias nos serviços de acolhimento institucional. Tive a felicidade de conhecer a autora da cartilha, Hivana Fonseca no II Seminário de Psicologia e Assistência Social realizado pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, a qual disponibilizou a cartilha para divulgação. A cartilha foi elaborada pela psicóloga Hivana Raelcia Rosa da Fonseca com orientação da Profª Drª Sílvia Helena Koller Essa cartilha foi idealizada durante meu mestrado quando trabalhei com famílias de crianças e adolescentes em serviços de acolhimento. Observei que, mesmo com baixa ou nenhuma escolaridade, ter informações por escrito era um fator organizativo no processo de acolhimento. Esta cartilha tem o objetivo de auxiliar as famílias com crianças e adolescentes em serviços de acolhimento a organizarem e entenderem o processo de acolhimento. Foi formulada com base na legislação, normas técnicas e estudos relacionados aos serviços de organizada em perguntas e respostas. A cartilha oferece espaço para anotações dos serviços de referência que poderão dar apoio às famílias durante e depois do acolhimento. BAIXAR: CARTILHA DA FAMÍLIA – VERSÃO WEB (1) CARTILHA DA FAMÍLIA – VERSÃO GRÁFICA (1) Parabéns e obrigada pela contribuição, Hivana! Tenho certeza que este material servirá de inspiração para atuação com as famílias em outros serviços da Proteção Social no SUAS.
Mais praticidade nas inscrições para os Encontros e Hangouts abertos do Blog
Agora ficou mais fácil e prático participar dos nossos Encontros e Hangouts gratuitos através do Canal do Blog no YouTube. Basta você se inscrever, uma única vez, e sempre que agendarmos os eventos você receberá as informações e o link de transmissão em seu E-mail. Mesmo que você já participou dos Encontros anteriores, eu peço a gentileza que se inscreva também neste formulário, assim ficará no mesmo arquivo de registro dos demais interessados – A partir do próximo evento, este será o único banco de endereços que usarei para enviar os links da transmissão Não sabe como funciona os Encontros? Veja AQUI INSCREVA-SE GRATUITAMENTE! QUERO PARTICIPAR
Funções da coordenação das unidades do SUAS

VERSÃO REVISTA, CORRIGIDA E ATUALIZADA EM JANEIRO DE 2021 [i] Problematizar e propor reflexões sobre os “bastidores” das funções do profissional que ocupa o cargo de coordenação nas unidades que ofertam os serviços socioassistenciais são os objetivos deste texto. As atribuições deste cargo nos CRAS, CREAS, Centro pop, unidades de Acolhimento Institucional para crianças e adolescentes, idosos e os demais públicos, estão elencadas em todos os cadernos de orientações técnicas das respectivas unidades – se você não conhece ou quer rever, veja o anexo deste texto. Quanto ao cargo e sua ocupação O cargo de coordenação está previsto na Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/RH-SUAS 2006. A(o) profissional que exerce esse cargo compõe a equipe das unidades e deve ser, assim como os demais trabalhadores, concursada(o). Este é um ponto central, porque ao regulamentar a composição da equipe, o SUAS aponta as diretrizes para a desprecarização dos vínculos trabalhistas e visa romper com a rotatividade de profissionais, descontinuidade dos serviços e com campos fluídos dotados de interesses meramente políticos e pontuais. No entanto, passados dez anos do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e algumas atualizações na Legislação e nos marcos legais – como Exemplo: Resolução CNAS nº 17/2011 e NOB/RH-SUAS comentada, o cenário é ainda carregado da velha política e do despreparo técnico daqueles à frente da Assistência Social nos Municípios. Acredito que a forma de admissão é a gênese de muitos problemas na composição das equipes. Não pretendo me alongar neste ponto, mas acho interessante ilustrar este parágrafo com trechos de duas Leis Municipais (disponíveis na internet) que cria, equivocadamente, os cargos de coordenação do CRAS E CREAS: O profissional que coordena uma unidade na rede socioassistencial é equipe técnica! Eu estou evidenciando aqui, sobretudo, os aspectos éticos e os desafios quanto ao relacionamento interpessoal para que seja trabalhado o surgimento e manutenção do trabalho ético político das equipes do SUAS, e mais uma vez, a coordenação não é cargo político, é técnico. Assim, quero recorrer a trechos da NOB/RH-SUAS Anotada e Comentada que foi elaborada pela Stela Ferreira em 2011. AS equipes de referência para os Centros de Referência da Assistência Social – CRAS [válido também para as demais unidades socioassistenciais] devem contar sempre com um coordenador, devendo o mesmo, independentemente do porte do município, ter o seguinte perfil profissional: ser um técnico de nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais. Considerando que as equipes de referência são compostas por diferentes categorias profissionais, do ponto de vista da gestão do trabalho, a coordenação do CRAS [válido também para as demais unidades socioassistenciais] fomenta o trabalho articulado entre os profissionais, estimulando a troca de conhecimentos e a produção de novos saberes. Ao mesmo tempo, reconhece as necessidades de capacitação e formação continuada da equipe que coordena com vistas a superar dificuldades e melhorar a qualidade dos serviços. (NOB/RH-SUAS Anotada e Comentada, pág.31). A qualidade técnica dos serviços ofertados e a persistente caminhada nos trilhos da Política Nacional de Assistência Social e ao da ética, estão atreladas ao desempenho do coordenador, e como esta compreensão desencadeou este texto, vou me ater mais a estes aspectos, ou seja, às habilidades técnicas e interpessoais do profissional que exerce o cargo de coordenação no SUAS. De quais formações podem ser estes profissionais? A Resolução CNAS 17/2011 cita nove categorias que poderão compor a gestão do SUAS: Assistente Social; Psicólogo; Advogado; Administrador; Antropólogo; Contador Economista; Economista Doméstico; Pedagogo; Sociólogo e Terapeuta ocupacional (CNAS, Art.3º) – recorrer a esta resolução evitará que gestores elaborem Editais (quando elaboram e há concurso ou processo seletivo temporário) e estabeleçam que apenas pedagogos ou administradores, por ex., poderão pleitear a vaga de coordenador. A gestão do trabalho, se bem implementada, será a grande aliada do gestor ao definir a (s) categoria (s) necessárias para as demandas locais, de acordo com o que já está regulamentado, para cada cargo de gestão na efetivação do SUAS no Município. Responsabilidades e compromissos qualitativos inerentes ao cargo Uma porcentagem significativa das fragilidades operacionais, técnicas e interpessoais enfrentadas pelos profissionais do SUAS carecem de intervenções por parte do coordenador – muitas vezes, as consequências de sua falta de habilidade/perfil para o cargo é que agrava a situação no campo de trabalho. Tenho inúmeros exemplos reveladores dessas situações (contatos via e-mail; supervisões técnicas e outras experiências, como a que relato a seguir: Em uma palestra realizada no VI Encontro de Gestores Municipais da Assistência social da Bahia, onde eu e mais duas profissionais proferimos sobre “Teorias e práticas no SUAS: reflexões e desafios para a atualidade”[iii] experenciei desdobramentos desses problemas. Ao longo do debate, após algumas perguntas, eis que surge uma bem afoita e direta: “os que vocês têm a dizer quando o trabalho não acontece porque as duas profissionais, assistente social e psicóloga, nem se falam”? a reação da plateia foi entre “dar de ombros”, burburinhos e alguns risos, como se dissessem: quem é essa soltando essa pérola aqui? Eu entendi que a pergunta dessa profissional tinha todo sentido. Mas a mesa também tratou de adiantar os pontos e dizer bem educadamente que ali não era lugar para tratar dessas questões rotineiras. Pelo andar da hora, foi impossível retomar a palavra e acho que se tivesse a oportunidade eu não teria falado algo significativo, tamanho meu sobressalto pela reação da plateia e da mesa. O que me fez pensar que a proposta da discussão talvez não tivesse alcançado o esperado. Mas o ato de fazer a pergunta pode suscitar alguma solução para aquela profissional, porque refletir sobre o trabalho ela já estava se permitindo fazer! Refleti o quanto aquela pergunta era reveladora das consequências da precarização dos vínculos trabalhistas e das relações de trabalho no dia a dia. Uma pena que ela não foi escutada e nem teve a fala valorizada. Este exemplo ajuda na reflexão e acentua que a coordenação, além dos desafios teóricos, metodológicos e operacionais/administrativos inerentes ao cargo, a habilidade para gerir pessoas
Regionalização dos Serviços de Média e Alta Complexidade nas CIB

Oi Pessoal, hoje compartilho um documento importante para os gestores; coordenadores das proteções Básica e Especial; vigilância socioassistencial; Gestão do Trabalho e para os trabalhadores em geral para acompanharem a ampliação com cobertura de acesso e consolidação do SUAS. Caderno de Orientações para Pactuação da Regionalização dos Serviços de Média e Alta Complexidade – BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Sistema Único de Assistência Social. Caderno de Orientações para Pactuação da Regionalização dos Serviços de Média e Alta Complexidade nas Comissões Intergestores Bipartite – Cib. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2015. Site do MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Livro sobre acolhimento institucional

Oi Pessoal, no post Material sobre o trabalho com famílias (NECA) divulguei o Livro Novos rumos para o trabalho com famílias. Fui pesquisar mais sobre ele e sobre outras publicações do Neca – Associação de Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente e encontrei outro livro dessa Coleção Novos Rumos e aproveitei para compartilhar com vocês também, trata-se do livro intitulado: Novos rumos do acolhimento institucional. A publicação é de 2010, mas tenho certeza que muita coisa ainda pode ser considerada como “novos rumos”, porque romper com o velho, com aquilo que se tornou obsoleto é urgente todo dia, ainda mais quando consideramos o tanto que precisamos avançar na materialização do ECA (que completou 25 anos no último dia 13). Reflexão que permeia todos os textos que produzo aqui no Blog. “Uma publicação que contribui para a efetivação da proteção integral e a reorganização dos projetos e programas de proteção especial previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Política de Assistência Social. Apresenta insumos teórico-práticos para orientar a formação das equipes das instituições de acolhimento institucional, visando à promoção da dignidade humana, a segurança afetiva e o crescimento saudável de crianças afastadas temporariamente dos cuidados familiares”. Fonte Gulassa. Maria Lúcia Carr Ribeiro. Org. Novos rumos do acolhimento institucional. São Paulo: NECA – Associação dos Pesquisadoresde Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente, 2010. Acesse o Post: Material sobre o trabalho com famílias (NECA) Fanpage do Blog
Livro sobre Proteção Social Especial – alta complexidade – estudo de casos

CADA CASO É UM CASO: A VOZ DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL Sugestão leitura para trabalhadores do SUAS, em especial aos atuantes na Proteção Social Especial de Alta Complexidade. O sumário já nos indica que é uma leitura proveitosa e muito útil!! Sumário Introdução Capítulo 1 – A voz da criança e do adolescente como sujeitos de direitos Capítulo 2 –Abrigos: para quem? Capítulo 3 – Famílias em situação de vulnerabilidade Capítulo 4 – Abandono: uma questão social preocupante Capítulo 5 – A voz das crianças em situação de acolhimento Capítulo 6 – A delicada arte de conversa e de escuta Capítulo 7- Relatório de caso na abordagem social Capítulo 8 – Acolhida e socioeducação em abrigos Capítulo 9 – Desenvolvimento infantil e abrigamento Capítulo 10 – A criança, a família, o abrigo e o psicólogo clínico: parcerias múltiplas Capítulo 11 – Serviço de acolhimento familiar: programa de famílias acolhedoras Para baixar o documento clique CADA CASO É UM CASO: A VOZ DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES