Sigo falando sobre o assédio moral no SUAS – agora de forma ampliada e institucionalizada

Início Sobre o Blog A autora Contato Serviços Supervisão Técnica On-line Sobre o Blog Início Sobre o Blog A autora Contato Serviços Supervisão Técnica On-line Sobre o Blog Olá, pessoal! Antes de tudo, quero manifestar minha alegria em poder continuar trabalhando com um tema tão relevante para as(os) trabalhadoras(es) e gestoras(es): a situação do assédio moral no SUAS. Mas agora, de forma ampliada e institucionalizada, por meio de uma pesquisa conduzida pela Coordenação-Geral de Gestão do Trabalho e da Educação Permanente, do Departamento de Gestão do SUAS (CGGTEP/DGSUAS/SNAS/MDS). Falar de assédio moral é também falar de saúde mental, de condições de trabalho dignas, de relações éticas, de gestão democrática e de cuidado com quem cuida e protege. É enfrentar um problema psicossocial grave que se manifesta nas fissuras do cotidiano, muitas vezes naturalizado, silenciado ou individualizado. Portanto, vamos continuar falando/conhecendo sobre assédio moral no SUAS? Tenho repetido por onde passo, em rodas de conversa e palestras que não podemos nos furtar de falar sobre temas difíceis, espinhosos e incômodos como é o tema de hoje. O assédio moral é um problema complexo, e por isso mesmo nos exige coragem, firmeza e delicadeza para abordá-lo em nosso cotidiano de trabalho. Precisamos olhar de perto, questionar, compreender as camadas de violência e as condições indignas de trabalho que ele encobre. Bora, não tenhamos medo do difícil. Este post é também um chamado especial às(aos) gestoras(es) do SUAS: falar sobre a ocorrência alarmante de assédio moral não é uma questão pessoal, tampouco deve ser personalizada ou reduzida às condutas individuais. Estamos diante de um problema psicossocial profundamente ligado às relações e às condições de trabalho. E o assédio pode ser ao mesmo tempo um fator de risco psicossocial e um dano real à saúde mental de trabalhadoras e trabalhadores. Por isso, compartilho com muito carinho e responsabilidade a realização da pesquisa nacional promovida pela CGGTEP/DGSUAS/SNAS/MDS, como parte da consultoria que estou desenvolvendo no âmbito do Projeto UNESCO 914BRZ3051. Venci na vida, né?! 🙂 O objetivo é: diagnosticar a situação do assédio moral no SUASProduzir documentos de orientação e Formação no escopo de Educação Permanente para prevenção e enfrentamento do problema do Assédio moral no SUAS. A pesquisa será realizada em duas etapas:Etapa quantitativa, por meio do formulário online (https://forms.gle/Jb9angyb8NNq6heRA). Etapa qualitativa, com entrevistas e grupos focais em todas as regiões do País. IMPORTANTE: todas as informações serão tratadas com o mais absoluto sigilo e anonimato. Nenhuma identificação será possível. Convido você a participar e divulgar especialmente para equipes de nível médio, fundamental e das entidades socioassistenciais, que muitas vezes enfrentam essas situações de forma mais silenciosa e invisibilizada. 🔗 Acesse o formulário e participe:https://forms.gle/Jb9angyb8NNq6heRA Por fim, destaco que encarar o problema de frente é o primeiro passo para transformá-lo. Precisamos conhecer os riscos e os danos, sim, mas com a mesma urgência, precisamos conhecer e criar fatores psicossociais de proteção no ambiente de trabalho, mesmo diante das condições tão degradantes que marcam o mundo do trabalho em nossa realidade capitalista. Vejo vocês em breve. Com afeto e saudades,Rozana Fonseca – @psicologianosuasPsicóloga e autora do Blog Psicologia no SUAS Fonte: Blog Rede SUAS
Linha do Tempo: uma metodologia viva para trabalhar histórias, vínculos e territórios no SUAS

Antes de apresentar o texto proposto no título, deixa eu falar com vocês, porque quem é vivo, sempre aparece! Ainda bem!! Depois de um bom tempo sem aparecer por aqui, volto com o coração cheio de entusiasmo para compartilhar uma nova contribuição. E é uma contribuição bem aguardada por mim. Sempre admirei o grupo que vou apresentrar à vocês hoje! Os últimos meses foram marcados por projetos, mudanças e desafios na vida profissional e, como acontece com muitas de nós no SUAS, às vezes é preciso se recolher um pouco para reorganizar, refletir e seguir em frente com mais consistência e sentido. Mas a vontade de estar aqui, trocando, nunca desapareceu. E é com alegria que compartilho com vocês uma ferramenta que, espero, poder inspirar, apoiar e fazer sentido na prática na assistência social. E aproveito para dizer que o projeto no Substack continua de pé! Vou escrevendo à medida que for possível, sem pressa, mas com muita vontade de seguir contribuindo. E como prometido: os textos e contribuições de utilidade pública continuarão com acesso 100% livre pelo BPS e pelo Substack, porque compartilhar conhecimento é, também, um ato político e um compromisso com o fortalecimento do SUAS. Aproveito para agradecer ao Coletivo Articulando Redes, em especial, à Márcia Mansur, pela confiança em dividir essa contribuição por meio deste espaço potente e ainda necessário que nunca perde o jeitim especial de juntar gente do SUAS (ainda mais de Minas!!). Tomara que a proposta circule, se espalhe, chegue a muitos territórios e que possa ser adaptada, reaproveitada e fortalecida por cada profissional que encontrar nela uma inspiração ou um ponto de partida. Vamos ao texto: Linha do Tempo: uma metodologia viva para trabalhar histórias, vínculos e territórios no SUAS, Por Márcia Mansur Saadallah – Coletivo Articulando Redes A história de um território é, em essência, a história das pessoas que o habitam. Cada rua, praça e cada cantinho guarda memórias que, quando compartilhadas, fortalecem os laços comunitários e promovem uma compreensão mais profunda do coletivo em que vivemos. Uma maneira criativa e dinâmica de explorar essas histórias é através da construção de uma linha do tempo coletiva. Esse texto apresenta a metodologia Linha do Tempo, uma ferramenta desenvolvida pela professora Márcia Mansur Saadallah, criada para fortalecer o trabalho com narrativas, memórias e vivências territoriais. . Desde a sua criação, a metodologia tem sido aplicada em diferentes contextos e projetos com o propósito de fortalecer vínculos, promover refl exões coletivas e valorizar as vivências locais. Nos últimos oito anos, o Coletivo Articulando Redes1 tem difundido e aprimorado essa prática em parceria com profi ssionais, comunidades e territórios da Proteção Social Básica e Especial do SUAS em Belo Horizonte e região metropolitana. Ao longo deste percurso, a Linha do Tempo tem se mostrado uma potente estratégia para estimular a participação e integração de pequenos grupos. Utilizada em campanhas, eventos, ofi cinas e ações comunitárias, além de formações com profi ssionais da Assistência Social, a Linha do Tempo é uma técnica que possibilita versatilidade na execução para melhor adaptação ao contexto. Pensando nos objetivos da política, especialmente nos objetivos que tange às ações desenvolvidas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e no Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), esta técnica visa o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a promoção da escuta e valorização das histórias de vida das/os usuárias/os. Também favorece a promoção do acesso a direitos e a formação de territórios mais protetivos. Essencialmente pensada para o trabalho com grupos, a partir da partilha de relatos e da reconstrução das trajetórias pessoais, os participantes ampliam sua compreensão sobre suas próprias histórias, além de compartilharem vivências comunitárias e territoriais. Nas experiências do Coletivo Articulando Redes, a Linha do Tempo é o primeiro momento de integração do grupo: é a acolhida, o início da formação de laços, quando cada pessoa ainda não se reconhece parte de um coletivo. Cada participante chega com suas próprias ideias, sentimentos e objetivos para o encontro – memórias que, juntas, começam a compor uma narrativa comum. Para facilitar a compreensão e a replicação da técnica, apresentamos abaixo uma fi cha ilustrada com o passo a passo detalhado de sua aplicação. A partir das histórias individuais, tecidas no chão comum do território, criam=se histórias coletivas. Ao organizar as narrativas e os acontecimentos em uma sequência temporal, começa a ganhar sentido o território vivido pois se encontram na similaridade com a história do outro, no reconhecimento de cenários, nos fatos históricos, nas lutas comunitárias, nas desproteções e riscos, nas proteções e potencialidades, na solidariedade e no comum. Dessa forma, a ferramenta fortalece o sentimento de pertencimento e os vínculos entre os sujeitos, estimulando o diálogo, a troca de saberes e a valorização das histórias de cada indivíduo. Isso permite que compreendam seu papel dentro do grupo ou comunidade, contribuindo para a construção e o fortalecimento de uma identidade coletiva (KOGA, 2011). O uso da Linha do Tempo enquanto uma técnica para trabalhos comunitários também contribui para a formulação de estratégias mais alinhadas às realidades locais. Ao registrar memórias e vivências em determinado espaço, é possível compreender melhor as transformações dos territórios e as necessidades das comunidades, possibilitando intervenções mais efi cazes e colaborativas. Quando um grupo de pessoas se reúne para discutir seus problemas, muitas vezes sentidos como exclusivos de cada um dos indivíduos, descobrem existirem aspectos comuns, decorrentes das próprias condições sociais de vida; o grupo poderá se organizar para uma ação conjunta visando a solução de seus problemas. E aquelas necessidades, que sozinhos eles não podiam satisfazer, passam a ser resolvidas pela cooperação entre eles. (LANE, 2006, p. 69) Sendo assim, acredita-se que esta técnica também possibilita o que se pode chamar de “micro-vigilância”, ou seja, a análise e diagnóstico mais próximo da situação e realidade do território e suas ruas, bairros e vizinhanças para intervenções mais apropriadas aos contextos. A Linha do Tempo pode ser um importante disparador de refl exões que se desdobram em ações e