2021: O que vem depois do sacolejo?

Uma mensagem para o natal e 2021. Não vou desejar feliz natal e nem feliz ano novo porque num país onde quase 190.000 pessoas perderam a vida, sendo que muitas delas poderiam ter sido salvas se não fossem as decisões genocidas do ser humano que dirige nosso país. Não papaguear a frase tradicional deste período não significa que não desejo acontecimentos bons em 2021 – quanto ao natal, se você não pode estar com as pessoas queridas, ele não pode ser feliz, não é mesmo? Ele estará sendo o possível neste momento! Eu estou agradecida por estar viva juntamente com meu marido e minha filha, assim como poder respirar aliviada por não ter perdido minha mãe, meus irmãos, minhas cunhadas e cunhados, sobrinhos/as, minha sogra e claro, demais familiares e amigos próximos. Cada dia vivo deste ano e do próximo que virá, em meio a pandemia, é para ser comemorado! Os sentimentos pela perda dessas milhares de vidas e de pessoas que de alguma maneira estiveram próximas, mesmo que indiretamente, devidos nossas relações sociais, ficam como lembrete da gravidade da calamidade que estamos atravessando e da urgência por atitudes muito mais inclinadas ao coletivo. A principal mensagem que quero transmitir tem a ver com as camadas dos sacolejos de 2020. Foram muitos, não só a pandemia, não farei retrospectiva aqui, mas quero mencionar também algumas das pautas que ganharam conotações urgentes, como as de desigualdade racial, de renda e de gênero. Estas pautas sempre estiveram nos debates e embates nos espaços como os dos movimentos sociais, das universidades e dos políticos-institucionais. O que a pandemia escancarou foi a impossibilidade de instituições governamentais continuarem desprezando essas lutas e suas reinvindicações. Contudo, neste país periférico e dependente, no qual o cenário da pandemia é um dos mais desastrosos do mundo, é certo que, com este governo e com os gestores que assumirão os cargos no executivo no dia da confraternização universal, o sacolejo tende a perder a turbulência e não será surpresa que instituições públicas e privadas criarão novas formas de condensar essas camadas que ultrapassaram linhas indisfarçáveis pelos patamares estabelecidos e permitidos pela des–ordem do capitalismo. O que poderá nos surpreender em 2021? Desejo que essas milhares de camadas e partículas se juntem a milhares de outras para que o incômodo seja tão forte e tão potente que possamos desacreditar mais no fim do mundo e acreditar mais no fim do capitalismo[i]. Menos distopia, mais utopia. A odisseia é aqui! [i] Referência ao tema da LIVE: É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo | Live com Christian Dunker no Canal Caio Souto – Conversações filosóficas https://www.youtube.com/watch?v=tdYl7AOu-BY&t=198s –
Reflexões para superação do ócio intelectual na assistência social

Breves reflexões sobre apartação entre prática e teoria A atuação profissional, necessariamente, tem que ser pautada pela práxis. Práxis na concepção de Paulo Freire, que é “reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimidos”. É com essa concepção que eu, lá em 2012, editei o slogan do BPS para “a práxis da psicologia nos serviços socioassistenciais”. (imagem ao lado, de 2012) Oito anos depois eu levo ainda mais a sério o conceito de práxis, porque aprofundei nos estudos sobre materialismo histórico, dialética e por isso, mesmo que o slogan do blog tenha mudado, atualmente, eu tenho ainda mais compreensão da necessidade de estudos para uma prática crítica que seja capaz de análises e sínteses das tessituras da realidade apresentadas na rotina do trabalho. Rotina que insiste em iludir, principalmente a(o) trabalhadora(r) pragmática, que o que está sendo resolvido é o adequado e é o que possível diante de tanta demanda e assim, dar respostas resolutivas reverberam em práticas paralelas ao emergente para que fiquem livres o mais rápido possível do problema, mesmo que isso signifique passá-lo adiante para a própria rede. Para evitar o tempo necessário às análises da complexidade da demanda apresentada e observada, tem-se um tensionamento para se livrar do caso (- quando é que vai desligar ou encaminhar essa família?). Invertendo, assim, a direção da crítica e empacando no pragmatismo. Este que é lido, muitas vezes, como capacidade resolutiva. E a intelectualidade? Deve ser tomada como um antídoto contra essa rotina especialista em ilusionismo e reprodutora de operações automatizadas. Portanto, cabe a provocação para a necessidade de reivindicação pela efetivação da educação permanente e também para buscar individualmente ou em grupo a ampliação da capacidade intelectual, porém, vale uma ressalva: compreendo que estudos com base meramente positivista, funcionalista e até ouso dizer com flertes a uma coachingzação neste campo, é endereçar à trabalhadora apenas as dimensões individuais e técnicas, despolitizando as dimensões políticas e estruturais. Texto elaborado a partir da reflexão: “trabalhador não é reprodutor de procedimentos” feita pela profª. Aldaíza Sposati, durante o Webinário do @pesquisarsuas – transmitido pelo canal da Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal e a partir da minha fala na Roda de Conversa do último dia (07) no @Gesuas. Referência: Paulo Freire. Pedagogia do oprimido. 67ª edição .Editora Paz e Terra, 2013.
Dia Nacional da Assistência Social: memória e luta

No dia 07 de dezembro a LOAS faz aniversário! São 27 anos da Lei Orgânica de Assistência Social – Lei nº. 8.742/1993. Criei um infográfico para acentuar a importância da memória desta política e também para marcar o seu avanço. É uma linha do tempo para resistirmos a estes tempos de desmonte, porque não se deve esquecer que toda caminhada da assistência social foi e será feita de luta! Avante! Resistindo e construindo o SUAS! Eu estarei hoje (07/12) em uma Roda de Conversa sobre o SUAS, às 11h, no instagram do @Gesuas – veja a programação completa no site: https://conteudo.gesuas.com.br/pre-lancamento-universidade Acompanhe a Live da Frente Nacional em Defesa do Suas e da Seguridade Social, será um ATO EM DEFESA DO SUAS e realizado na segunda-feira, dia 07/12, às 17h! Acompanhe o BPS nas demais redes: https://linktr.ee/psicologianosuas