
Apresentação do Livro:
Este é o terceiro de uma série de livros que tem como objetivo discutir o que se constitui a fronteira entre a Psicologia e a Política de Assistência Social. Em tempos de radicalismos e crescimento de um ideário extremista, o livro é um convite ao diálogo, à conversa. No campo da Política de Assistência Social, por vezes, deparamo-nos com o desamparo e a falta de interlocutores críticos no contexto de profissional. Assim, as autoras abrem o livro com o convite a suspender os desejos por protocolos e pensar em outras ferramentas de intervenção que possam se constituir no entre. Esta obra é uma convocação a se pensar possibilidades para a Psicologia na tão frágil Política Nacional de Assistência Social.
Ligeiras considerações
Eu gostei muito do livro, e o considero o mais assertado desta série de livros, mas algumas informações poderiam ter passado por revisão, a exemplo, no capítulo “O vínculo familiar e comunitário como operador que conecta a psicologia e a política de Assistência Social” de Luciana Rodrigues e Neuza Guareschi, onde as autoras, ao postularem sobre este campo que possibilitou tantas psicólogas iniciarem sua prática profissional, colocam o profissional de psicologia como preferencial na composição das equipes de referência, usando como referência somente a NOB-RH/SUAS (2006), não considerando a atualização da Resolução nº 17 de 2011 do CNAS, a partir da qual a psicóloga passa a compor obrigatoriamente as equipes. Leia mais sobre a composição das equipes: Como compor as equipes de referência dos CRAS, CREAS e alta complexidade.
Acredito ser um dado relevante ao considerarmos os desafios da inserção das psicólogas nesta política, bem como as nuances e dificuldades que a categoria vem enfrentando para se firmarem horizontalmente nas equipes e pelo modo como muitos gestores ainda veem a psicologia neste campo – correndo risco de sermos, pouco a pouco, postas para fora, como as próprias autoras problematizam no início do capítulo.
Darei destaque para o capítulo ” O trabalho na politica de Assistência Social: contribuições na analise do trabalho como atividades” Pág, 66, porque foi muito bacana o contato com uma linha interessante de abordagem do trabalho social com famílias e como podemos tratar potencialmente o não saber fazer diante das complexidades dos trabalhos. Entre as referências estão Michel Foucault e Yves Clot (fiquei provocada a conhecer as produções deste autor).
“Pela perspectiva da atividade, entendemos que, em meio às dificuldades, às provas que se impõe , o trabalhadores criam estratégias para fazer o trabalho acontecer. Com isso, é possível pensar que se deparar com um “vazio de normas” pode não ser entendido como um desamparo, mas como possibilidade de criação acionada em situação de trabalho” pág. 73
Vale a leitura e vale muito pela sensibilidade das organizadoras ao dialogarem com quem executa as Política Nacional de Assistência Social, a exemplo dos escritos no capítulo “Cartas à Assistência Social” de Bruna Battistelli e Lilian Cruz, refletindo sobre os desafios e possibilidades diante do contexto político e social, assustadores, que estamos vivendo, elas nos brindam com perguntas que prometem nos mover da angústia para o agir.
CRUZ, Lilian (Org.) ; GUARESCHI, NEUZA (Org.) ; BATTISTELLI, B. M. (Org.) . Psicologia e Assistência Social. 1. ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 2019. 253p
Livro enviado pela Editora Vozes, parceira do BPS, a qual estará conosco também no sorteio para o dia da psicóloga/o. Um exemplar desta obra poderá ser seu! Mais informações em breve 🙂
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