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(Des)proteção socioassistencial no meio rural

(Des)proteção socioassistencial no meio rural

Desde que publiquei o Post sobre o II Encontro das Psicólogas (os) de Minas Gerais realizado pelo CRP-MG através da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social (Se você não leu, clique AQUI) estava na expectativa de compartilhar com vocês uma produção da Oficina “Proteção Socioassistencial no Meio Rural” que aconteceu neste Encontro. O Psicólogo, Felipe Carvalho, que atua no CRAS de Inhapim/MG brilhou na produção e na declamação do Poema “(Des)proteção socioassistencial no meio rural”.

Logo que tive a oportunidade pedi ao Felipe a disponibilização do poema para eu divulgar no Blog! e ele topou! Obrigada, Felipe e desculpe-me pela demora em publicá-lo 😉

O próprio Felipe apresenta a vocês o poema: “O poema abaixo apresentado é o resultado das problematizações e conversações desenvolvidas no II Encontro Mineiro das(os) Psicólogas(os) no SUAS, mais especificamente, das reflexões estabelecidas na oficina temática Proteção Socioassistencial no Meio Rural. Ao lermos as entrelinhas, será possível entendermos que, embora seja legítimo, além de unanimamente aceito e reconhecido a necessidade da atuação das(os) Psicólogas(os) junto às políticas públicas e, especificamente, no SUAS, ainda existe a necessidade de rompermos com alguns obstáculos que, quando não entendidos e transformados, tornam a promoção social uma possibilidade que não encontra no cotidiano de nossa atuação a materialização de seus reais objetivos. Com uma linguagem simples e um suave toque vocabular mineiro, essa construção poética, passa a habitar não mais um EU, mas agora, depara-se com um patamar coletivo e, então, habita em NÓS”.

(Des)Proteção Socioassistencial no meio rural

Acordo cedo todo dia,

Antes mesmo do sol raiar,

Numa van superlotada

Num território vou atuar.

Sou psi com muito orgulho,

Mas to buscando do que me orgulhar.

Os meus olhos mesmo abertos

Estão cansados do que têm pra olhar.

A demanda só aumenta

E vem de todo lugar:

Da saúde, da escola

E da assistência pra completar.

Tem muita gente querendo mudança

Sem saber por onde começar.

Já que p CRAS ta funcionando

É pra lá que vamos mandar.

Documentos, acompanhamentos,

Logística, direitos e cestas para doar:

Eu tô custando compreender

O meu papel e o meu lugar.

É muito grupo ou gato pingado,

Muita festinha pra comemorar,

É muito por que indo pra fora

E pouca resposta pra entrar.

 Bolsa Família dizem ser carro chefe.

A gente chega até a engasgar.

É muita gente falando do SUAS,

Mas pouco adianta somente falar.

Orientar, pactuar,

Prevenir, encaminhar,

Deferido, indeferido,

Vocabulário espetacular.

Tem salinha pra todo mundo,

Mas tem território que não dá pra escutar,

O sigilo comprometido,

Aonde é que isso vai dar?

Território é terra física e cultural.

Sujeito é mundo a explorar.

Tem grupo que se forma lá na roça

Só porque a fome vão saciar.

 Eu não to procurando culpados.

Eu só quero dignamente trabalhar,

Mas acredito que só vou conseguir

Se romper com esse mal-estar.

Autor: Felipe Eduardo Ramos de Carvalho, Psicólogo, Técnico de Referência da equipe volante do CRAS de Inhapim/MG, Escritor e articulista.

Clique na imagem abaixo para fazer o download do poema em pdf

Proteção social no meio RuralPara ver as fotos do evento e saber mais, clique AQUI

Aproveite para assistir ao vídeo (CRP04/MG) do evento, você pode conferir as palestras, as apresentações da Oficinas e ainda ouvir a leitura do poema!

Parabéns, Felipe! tenho certeza que o grupo que participou da oficina também te agradece por transformar as discussões de todos em algo tão vivo e permanente!

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